sábado, 14 de abril de 2012

Provérbios

A minha mãe foi a pessoa que eu conheci que mais provérbios sabia de cor e muitos deles já são difíceis de encontrar. Assim deixo-lhe aqui uma homenagem a essa sabedoria popular que possuía. Alguns poderão não estar como o original mas era assim que ela mos dizia:


Lavar a cara a burros pretos perde-se o sabão e o tempo;
Uma mão lava a outra e as duas lavam a cara;
Não se amam dois senhores ao mesmo tempo;
Candeia que vai à frente alumia duas vezes;
Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti;
Quem na praça o veste, na praça o despe;
Devagar se vai ao longe;
Quem canta seus males espanta;
Muita graças a Deus e poucas com Deus;
Água mole em pedra dura tanto bate até que fura;
O hábito não faz o monge;
Pela boca morre o peixe;
Março, marçagão , de manhã inverno à tarde verão;
Abril águas mil , coadas por um funil;
Sol na eira e chuva no nabal;
Burro velho não aprende línguas;
Cada macaco no seu galho;
Não vale a pena chorar o leite derramado;
O cântaro tantas vezes vai à fonte que um dia parte;
Para bom entendedor meia palavra basta;
A cavalo dado não se olha o dente;
A vida é como os alcatruzes da nora, enquanto uns sobem outros descem;
O verde é a esperança dos asnos;
Uma desgraça nunca vem só;
A culpa nunca morre solteira;
Viúva rica casada fica;
O bom filho à casa torna;
Quem vai à guerra dá e leva;
Quem não quer ser lobo não lhe veste a pele;
A água lava tudo só não lava é as más linguas;
A sorte protege os audázes;
A vingança serve-se fria;
Quem não tem dinheiro não tem vícios;
Quando se tem uma mazela toda a gente bate nela;
A César o que é de César;
A noite é a melhor conselheira;
Quem muito se agacha tudo se lhe vê;
Guardado está o bocado pra quem o há-de comer;
Quem torto nasce tarde ou nunca se endireita;
A roupa suja lava-se em casa;
Mentira tem perna curta;
A voz do povo é a voz de Deus;
A união faz a força;
Albarda-se o burro à vontade do dono;
Em casa de ferreiro espeto de pau;
Amor com amor se paga;
Tristezas não pagam dívidas;
Homem velho e mulher nova tem filhos até à cova;
No melhor pano cai a nódoa;
Quem tem telhados de vidro não atira pedras aos vizinhos;
Ao menino e ao borracho põe-lhes Deus a mão por baixo;
Cada qual é como cada um;
Deus dá o frio conforme a roupa;
Entre marido e mulher não metas a colher;
Quem semeia ventos colhe tempestades;
Boda molhada boda abençoada;
Cada um sabe de si e Deus sabe de todos;
Mãos frias, coração quente;
A mulher e a sardinha quer-se da mais pequenina;
Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje;
De médico e de louco todos temos um pouco;
De pequenino é que se torce o pepino;
Deus dá nozes a quem não tem dentes;
Diz-me com quem andas dir-te-ei quem és;
Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão;
Não há rosa sem espinhos;
Em tempo de guerra não se limpam armas;
Quem muito fala pouco acerta;
O saber não ocupa espaço;
Galinha que de galo canta, faca na garganta;
Mais vale só que mal acompanhado;
Não comer por ter comido, nunca a doença é de perigo;
Na terra onde fores viver, faz como vires fazer;
Não esperes por sapatos de defunto;
Não há pior cego que aquele que não quer ver;
Não há fumo sem fogo;
Vermelho ao mar, carrega os burrinhos e põe-te a andar;
Não metas a foice em seara alheia;
Não ponhas os ovos todos no mesmo cesto;
Quem faz um cesto faz um cento;
Nem tudo o que reluz é ouro;
Quem faz o que pode a mais não é obrigado;
A ocasião faz o ladrão;
Mais vale um gosto na vida que dez tostões no bolso;
Diz o roto ao nu , porque não te vestes tu ?;
Em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão;
A ordem é rica e os padres são poucos;
Quanto mais alto se sobe , maior é a queda;
Quem brinca com o fogo, queima-se;
Quem muitos burros toca algum fica para trás;
Quem muito escolhe pouco acerta;
Quem cospe para o ar,o cuspo cai-lhe em cima;
Quem tem boca vai a Roma;
Quem procura sempre alcança;
Quem não arrisca não petisca;
Quem tem medo compra um cão;
Quem não chora não mama;
Quem vai ao mar perde o lugar;
Quem vai pro mar avia-se em terra;
Quem vive de promessas é Santo;
Burro com fome cardos come;
Temos cinco dedos na mão e nenhum é igual;
Quem tudo quer tudo perde;
Um homem prevenido vale por dois;
Vale mais um pássaro na mão que dois a voar;
Olha p'ra ti que te entortas;
Quem o feio ama bonito lhe parece;
Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte;
Com papas e bolos se enganam os tolos;
Mãos frias, coração quente, amor para sempre;
Não há amor como o primeiro;
Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo;
Mais vale cair em graça, do que ser engraçado;
Deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer;
Deus ajuda quem muito madruga;
Mais vale prevenir, que remediar;
Mais vale tarde do que nunca;
Mais vale um bom mandador que um bom trabalhador;
Não sirvas a quem serviu nem peças a quem pediu;
Quem muito fala pouco acerta;
Mulher doente, mulher para sempre;
Quando a esmola é demais o pobre desconfia;
Quando um burro fala os outros baixam as orelhas;
Quanto maior a nau, maior a tormenta;
Quanto mais depressa, mais devagar;
Tudo me abana nada me cai;
Quem cala, consente;
Quem com ferros mata, com ferros morre;
Quem diz a verdade não merece castigo;
Quem dá aos pobres, empresta a Deus;
Quem desdenha quer comprar;
Quem espera, desespera;
Quem mais jura, mais mente;
Quem o meu filho beija, a minha boca adoça;
Quem muito dorme pouco aprende;
Quem não deve, não teme;
Quem não se sente, não é filho de boa gente;
Quem quer, vai; quem não quer, manda;
Quem se mete por atalhos, mete-se em trabalhos;
Quem se veste de ruim pano, veste-se duas vezes por ano;
Quem te avisa, teu amigo é;
Quem tem amigos, não morre na cadeia;
Quem tem filhos tem cadilhos;
Quem tem cu tem medo;
Quem tem medo fica em casa;
Sorte ao jogo azar aos amores;
Quem tem unhas é que toca viola;
Quem vê caras não vê corações;
Quem vive no convento é que sabe o que vai lá dentro;
Um homem atrapalhado, é pior do que uma mulher bêbeda;
Um mal nunca vem só;
Um olho no burro, outro no cigano;
O fruto proibido é o mais apetecido;
O futuro a Deus pertence;
Tens mais olhos que barriga;
O primeiro milho é dos pardais;
O prometido é devido;
O que não tem remédio, remediado está;
O segredo é a alma do negócio;
O seguro morreu de velho;
O seu a seu dono;
O sol quando nasce é para todos;
O último a rir é o que ri melhor;
Olhos que não vêm, coração que não sente;
Os amigos são para as ocasiões;
Os cães ladram mas a caravana passa;
Os homens não se medem aos palmos;
Outubro quente traz o diabo no ventre;
Filho és pai serás, como fizeres assim acharás;
Palavras ocas orelhas moucas;
Só se veja quem só se deseja;
Quando apontas o dedo a alguém apontas três para ti;
A verdade vem da boca dos inocentes;
Todo preto tem seu dia;
Filho de peixe sabe nadar;
Não há fome que não dê em fartura;
Fia-te na Virgem e não corras;


Pode parecer exagerado mas de facto ouvi todos estes provérbios da sua boca, várias vezes, enquanto Deus não me privou da sua saudosa companhia.





1 comentário:

  1. Parabéns pela excelente recolha.
    Aprecio muito a sabedoria popular e acho que se aprende muito com ela.
    É precioso registarmos a sabedoria e a cultura popular do povo português pois é um património muito importante para todas as gerações.
    Gostei muito de revisitar os provérbios que já conhecia e de conhecer outros que aqui estão escritos e não conhecia.
    Lanço o desafio para a recolha de mais.

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